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Blog do Google Brasil

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Como os jornalistas usam ferramentas do Google para checar fatos e combater a desinformação

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O jornalismo é uma das bases de um sistema democrático sólido. É graças a ele que as pessoas têm acesso a informações de qualidade sobre o que acontece no seu bairro, na sua cidade, no seu país e no mundo e, assim, conseguem formar sua opinião sobre os fatos e tomar melhores decisões. E isso só é possível graças ao trabalho de milhares de jornalistas que diariamente produzem as notícias que transformam a vida de milhões de brasileiros todos os dias e em todos os cantos do país.

Nós valorizamos e apoiamos o trabalho desses profissionais com programas de incentivo e também com treinamentos sobre como usar nossos produtos e serviços para desempenhar seu papel. Em homenagem ao Dia do Jornalista, celebrado todo 7 de abril, resolvemos conversar com profissionais de imprensa para entender como nossas ferramentas se tornaram uma parte importante do processo de apuração jornalística, desde uma simples pesquisa na Busca até o uso de serviços avançados de checagem de informações.

Chico Marés, coordenador de jornalismo da Agência Lupa

“Às vezes, fico me perguntando como seria a minha vida de repórter sem o Google. Muitas vezes, precisamos de uma informação rápida, de uma resposta, e, para a checagem, a Busca acaba sendo muito importante”. É o que nos contou Chico Marés, coordenador de jornalismo da Agência Lupa. Ele e sua equipe trabalham diariamente monitorando grupos de mensagens e páginas na web à procura de conteúdos com desinformação. Se identificada uma informação que pareça suspeita, dá-se início ao trabalho de checagem.

“Quando estamos checando uma foto, ou até um vídeo, por exemplo, é fundamental pesquisar imagens na Busca, porque muitas vezes descobrimos nessa primeira investigação se aquele conteúdo é falso ou verdadeiro. O mesmo vale para quando precisamos encontrar informações antigas, e na Busca isso também fica facilitado”, afirma.

Chico Marés

Chico Marés, da Agência Lupa

Chico relembra o caso de um vídeo sobre uma manifestação supostamente gravada na Venezuela que, após trabalho de verificação pela Lupa com a ajuda do Google Maps, concluíram se tratar de algo diferente. Analisando as imagens, os jornalistas identificaram estabelecimentos que aparecem no vídeo e fizeram uma busca para constatar que o local da manifestação não era o mesmo apontado pela narração do conteúdo. Fazendo uso da busca reversa de imagens, encontraram uma reportagem que confirmava a mensagem transmitida com o vídeo como falsa.

“No momento da checagem, repórteres usam essas ferramentas para fazer uma avaliação, entender se a informação é falsa ou verdadeira, buscando o máximo de evidências comprobatórias, e, em seguida, um editor faz uma reanálise do material para confirmar se o que foi pesquisado, apurado, faz sentido, está realmente correto e se é possível realmente afirmar, com aquelas provas, que aquela informação é falsa, por exemplo”, explicou.

Em outra situação, também com a ajuda do Maps, Chico e sua equipe desmentiram outro vídeo que mostrava manifestantes grevistas supostamente em Rio Branco, no Acre, destruindo orelhões na rua. Buscando pela rua que aparece em detalhes nas imagens, os investigadores descobriram que se tratava de uma rua em São Paulo. E, novamente com ajuda do recurso de busca por imagens da Busca do Google, encontraram uma reportagem que confirmava que o evento havia ocorrido em outro ano e por outros motivos.

“Enquanto no jornalismo os profissionais montam uma informação, aqui nós temos a missão justamente de desmontar o que está sendo apresentado, para entender se é real ou não”, diz Chico Marés. “Não há mais como ser um jornalista analógico, hoje temos uma quantidade grande de informações e dados circulando e não faz sentido não utilizar essas ferramentas”, complementou.

Alessandra Monnerat, editora-assistente do Estadão Verifica

O Estadão Verifica é o núcleo de checagem de fatos do jornal O Estado de S.Paulo. Por lá, o trabalho na redação passa diariamente pela checagem de conteúdos suspeitos que possam prejudicar algum grupo ou indivíduo, ou a escolha do voto ou a saúde das pessoas, por exemplo, segundo explicou Monnerat.

“Fazemos isso pesquisando fontes oficiais, institutos de pesquisa, estudos, notícias e outras fontes confiáveis para entender se aquele conteúdo é enganoso ou é falso. Nesse sentido, a pesquisa é nosso primeiro passo, no qual também está a Busca. E, às vezes, na primeira utilização já encontramos a informação que precisamos. É uma ferramenta que usamos muito, todos os dias”.

Alessandra Monnerat

Alessandra Monnerat, editora-assistente do Estadão Verifica

De acordo com a jornalista e checadora, a pesquisa não só por textos, mas também por imagens acaba sendo uma parte fundamental para verificar informações que circulam pela web. “A busca reversa é uma ferramenta imprescindível. Checamos muitas fotos e imagens que circulam fora do contexto. Temos visto fotos do conflito da Faixa de Gaza sendo compartilhadas como se fossem da Ucrânia. Encontramos fotos antigas que não retratam o contexto atual”, explica. “Em qualquer momento de emergência, de gravidade, sempre vemos muitas imagens fora do contexto. Diria que em 90% dos casos dá para resolver com checagem simples, como da pesquisa reversa”.

Saiba como fazer uma pesquisa no Google por imagem aqui. Confira também este passo a passo do Estadão Verifica de como fazer busca reversa de imagens e, abaixo, alguns exemplos de conteúdos verificados pela Alessandra e sua equipe partindo da checagem de imagens:

Sérgio Lüdtke, editor do Comprova

O Projeto Comprova é a maior coalizão de jornalistas, de 40 veículos jornalísticos do Brasil, dedicados à checagem de informações suspeitas em circulação na web e ao combate de notícias falsas sobre temas essenciais como eleições e a pandemia de COVID-19. A iniciativa liderada pela Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) nasceu em 2018 com o apoio financeiro da Google News Initiative – renovado para 2022 – e realiza também treinamentos de jornalistas sobre técnicas de verificação de fatos.

Sérgio Lüdtke, editor do Comprova

Sérgio Lüdtke, editor do Comprova

Sérgio Lüdtke, jornalista e editor do Comprova, destacou o uso do Google Trends, ferramenta que ajuda a entender as tendências de pesquisa na Busca do Google, durante o que ele chama de “fase de monitoramento”. “A desinformação pega carona no que é tendência, nas coisas que estão sendo mais buscadas e comentadas nas redes. Por isso, acompanhamos os temas no Trends e a Busca para identificar reportagens e checagens já feitas sobre um assunto”, diz.

A partir daí, a equipe liderada pelo Sérgio seleciona quais informações serão checadas pela coalizão. Nesse momento, entram em campo ferramentas diversas que ajudam na checagem e verificação de informações em texto, vídeo, áudio ou imagem. Na Busca, o jornalista destaca a importância do uso de operadores para pesquisa avançada, que os ajudam a, por exemplo, filtrar os resultados por um site específico (“site:exemplo.com”), por tipo de arquivos (“filetype:pdf”), delimitando por data (“before:YYYY-MM-DD”) ou mesmo a pesquisa por termos exatos (“exemplo”) ou que os excluam (“-exemplo”). Saiba como refinar sua pesquisa aqui.

Entre as ferramentas citadas, está a Google Lens, útil para a verificação de conteúdos por permitir a análise e comparação de detalhes de fotos pelo celular, incluindo textos, e até mesmo para traduzir termos em idiomas diversos. Sérgio destacou um caso em que sua equipe concluiu a apuração da história por meio da Lens. Após diversas tentativas de determinar o local em que foi gravado um vídeo sobre “um memorial em homenagem a supostas vítimas da vacina contra a covid-19 ao redor do mundo”, uma pessoa da equipe teve a ideia de usar o Google Lens. Ao focar a imagem na fachada do prédio que aparece ao fundo do vídeo, concluiu se tratar de San Diego, nos Estados Unidos. Google Maps e Google Street View também ajudaram a equipe a confirmar a localização da manifestação em questão. Mais detalhes, aqui.

Quer saber mais? Visite a página da Google News Initiative para conhecer o conjunto de esforços programas, produtos e treinamentos voltados a profissionais do jornalismo, e ainda o Journalist Studio, que reúne ferramentas e recursos pensados especialmente para jornalistas, como é o caso do Pinpoint, que no Brasil conta com contribuições em parceria com a Abraji.