Por uma agenda de oportunidades em Inteligência Artificial
O Google publica nesta semana a Agenda de Oportunidades em Inteligência Artificial (IA). Esse novo documento oferece recomendações concretas de políticas públicas para que a IA beneficie o maior número possível de pessoas.
Em todo o mundo, governos vêm trabalhando ativamente no avanço dos arcabouços de governança para a inteligência artificial. Há o novo Código de Conduta Internacional do G7, o Conselho Consultivo em IA das Nações Unidas, e o recente decreto do governo Biden, nos Estados Unidos.
Agora, é hora de ampliarmos o escopo deste trabalho. Os esforços relativos à IA terão de incluir salvaguardas para mitigar possíveis riscos, e também iniciativas para maximizar o progresso – ajudando a promover o desenvolvimento econômico e a resolver grandes desafios sociais. Não devemos pensar apenas nos riscos a serem evitados: há muitas oportunidades para aproveitar. A Agenda de Oportunidades em IA é um guia para investir em estrutura de inteligência artificial, ajudando a força de trabalho a estar preparada para os empregos do amanhã e promovendo a adoção da IA. Juntos, acreditamos que as novas descobertas científicas e inovações de engenharia vão levar a mais abundância para todas as pessoas.
Investimento em infraestrutura de IA e no incentivo à inovação
Governos e setor privado desempenham um papel fundamental na garantia de que pesquisadores, especialistas em tecnologia e empresas tenham acesso às ferramentas necessárias para estudar, desenvolver e adotar a IA – incluindo infraestrutura de nuvem, capacidade computacional e dados.
Esses dois atores deveriam tomar algumas medidas imediatas. Elas incluem garantir o avanço de arcabouços legais que incentivem a inovação, estabelecer um Recurso Global para Pesquisa em IA (semelhante ao National AI Research Resource dos Estados Unidos, em maior escala) e criar sólidas políticas de comércio e investimento, que favoreçam a cooperação internacional na inteligência artificial. Essa cooperação deve contemplar o fluxo de dados entre fronteiras, aumentando a capacidade de parceiros trabalharem juntos para assegurar que os sistemas de IA sejam treinados com base em conjuntos de dados diversos, tanto do ponto de vista demográfico quanto geográfico.
Construção de capital humano e de uma força de trabalho pronta para a IA
A inteligência artificial apresenta grandes oportunidades de catapultar as economias para a frente, graças a um aumento na produtividade e na atividade econômica, com potencial para beneficiar todas as pessoas. Mas sabemos que a inteligência artificial também pode ser uma força desestabilizadora. Por isso, indústria, sociedade civil e legisladores precisam trabalhar juntos para preparar a força de trabalho para uma transição impulsionada pela IA.
Uma forma de fazer isso é criar um grupo global de IA para formar uma força de trabalho pronta para a inteligência artificial, estendendo programas de treinamento para comunidades e, ao mesmo tempo, preparando trabalhadores e trabalhadoras que sofrerão os impactos da IA, de modo que eles obtenham as habilidades necessárias para recolocação em novos empregos.
Os governos devem incorporar a IA como um dos principais componentes da educação, criando fluxos flexíveis de imigração para especialistas em inteligência artificial e estabelecendo uma rede de segurança, com um programa de avaliação da adequação à IA e treinamentos sob medida. A proposta da senadora norte-americana Cantwell, de um projeto de lei para IA nos Estados Unidos, e a iniciativa de treinamento nacional de Singapura, podem servir como modelos para esse tipo de programa global de treinamento.
Maximização do acesso e da adoção de IA
A competição tecnológica nem sempre é vencida por quem inventa primeiro, mas sim por quem propõe a melhor utilização. Para aproveitar o potencial da inteligência artificial, ela precisa ser universalmente acessível e útil. Os governos, trabalhando em estreita parceria com o setor privado e a sociedade civil, podem atuar/agir por esse objetivo, adotando a IA para melhorar serviços públicos e ajudando pequenas empresas a terem acesso a essa tecnologia.
O primeiro passo é garantir que os próprios governos adquiram mais conhecimento sobre IA. Legisladores devem construir e dar escala a treinamentos internos de IA para suas equipes de TI (assim como exigimos, aqui no Google, que engenheiros e engenheiras de software participem de um curso interno sobre aprendizado de máquina). Também é preciso considerar formas criativas de atrair talentos do setor privado, como o programa de bolsistas em IA que se inspira no Presidential Innovation Fellows e no Government Digital Service do Reino Unido. Finalmente: embora todas as agências precisem de algum conhecimento especializado em IA, os governos devem considerar a possibilidade de estabelecer um grupo centralizado de especialistas, capaz de prestar consultoria para vários órgãos do governo.
Olhando para além do setor público, é possível ajudar as pequenas empresas a adotar a inteligência artificial oferecendo mentores digitais e treinamento para comunidades carentes, por meio de programas como Small Business AI Innovation and Commercialization Institutes (contemplados no recente decreto americano). Além disso, linhas de crédito com baixas taxas de juros e programas de bolsas podem aumentar o acesso aos recursos necessários para ampliar a adoção.
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À medida que a inteligência artificial avança, será cada vez mais importante a aproximação entre os setores público e privado em busca de oportunidades que aproveitem os benefícios da IA em áreas como medicina, agricultura de alta precisão, produtividade econômica e outros. Estamos animados para trabalhar em parceria com governos e sociedade civil, criando um futuro impulsionado pela inteligência artificial, que traga benefícios para a vida das pessoas.