Entrevista: Engenheira brasileira fala sobre a evolução do app Family Link
Pensando em ajudar as famílias a se manterem mais seguras na internet, lançamos, em 2017, o app Family Link, que ganhou recentemente sua primeira atualização e uma versão web. Desde 2016, o projeto conta com a participação da engenheira brasileira Luciana Maroun no desenvolvimento e atualização.
Atual gerente e engenheira sênior no Centro de Engenharia em Belo Horizonte, Luciana é mestre e bacharel em Ciência da Computação pela Universidade Federal de Minas Gerais e possui MBA em Gestão de Pessoas pela FGV. Sua carreira no Google começou há nove anos, quando passou por programa de estágio na sede do Google em Mountain View, nos Estados Unidos. Hoje, ela lidera os esforços do Google para o desenvolvimento de produtos para famílias e crianças em escala global.
Integrante do time desenvolvedor do Family Link desde 2016, Luciana falou para o nosso blog sobre as últimas mudanças na interface do app e o processo de criação a partir do escritório de Belo Horizonte. A engenheira também explica como o produto pode ajudar as famílias, de maneira transparente, a gerenciar as contas e o acesso aos dispositivos dos menores de 13 anos, idade mínima necessária para criar uma conta Google no Brasil.
Luciana Maroun durante seu estágio na sede do Google na Califórnia
Leia a seguir o bate-papo com Luciana Maroun
Qual foi exatamente a sua participação no projeto e o que foi criado no escritório de Belo Horizonte dentro desse contexto de apps para famílias e crianças?
Logo que entrei para o time, em 2016, comecei a trabalhar no desenvolvimento do Family Link para sistemas iOS. A maior parte da equipe que estava desenvolvendo para essa plataforma ficava no Brasil. Participei da construção de diversas funcionalidades do aplicativo, como as etapas de configuração inicial, o gerenciamento de permissões de aplicativos e a aprovação para a instalação de apps. Continuei neste projeto por aproximadamente um ano e meio e pude vivenciar o lançamento externo do produto.
Depois, fui trabalhar no desenvolvimento do software que provê supervisão para Chromebooks. Até então, somente sistemas Android poderiam ser supervisionados pelo Family Link. No fim de 2018, lançamos a supervisão via Family Link para Chromebooks também. Posteriormente, trabalhei no Google Kids Space, uma experiência em tablets Android criada especialmente para crianças (recentemente lançada no Brasil). O modo de interação com o sistema é amigável para elas, além de haver uma curadoria para os conteúdos disponibilizados e recomendados.
Nesse projeto, ainda atuava como desenvolvedora de software, mas comecei a ter um papel de liderança, sendo responsável por uma equipe e mentorando outros desenvolvedores. O Google Kids Space foi lançado em 2020 e, pouco depois, eu voltei a trabalhar com o Family Link. Também me tornei gerente de engenharia, tendo trabalhado em diversos projetos para melhorar as experiências dos usuários. Construímos, por exemplo, controles parentais localmente nos dispositivos supervisionados, alguns com suporte offline, além dos que já estavam disponíveis remotamente via o aplicativo do Family Link.
Recentemente, houve uma repaginada na interface do produto. Quais foram as principais alterações que você destaca?
As principais alterações incluem uma interface completamente nova, que torna mais fácil o acesso aos mecanismos de supervisão disponíveis, além de uma versão web com as mesmas funcionalidades; a possibilidade de configurar alertas de localização quando a criança chega ou sai de um local; e uma aba com destaques sobre a atividade recente da criança, incluindo tempo de tela e o uso de aplicativos, além de informações relevantes sobre supervisão digital.
Houve alguma pesquisa exclusivamente brasileira para habilitar funcionalidades somente por aqui, com base nas dores e nos feedbacks de famílias do Brasil? Ou o Family Link é o mesmo em todos os países?
O desenvolvimento de todas as funcionalidades do aplicativo, e notadamente dessa segunda versão, passa por intensas pesquisas de experiência com usuários. Algumas pesquisas foram, inclusive, feitas no Brasil. Abarcar vários países e culturas nesse processo é imprescindível para que o aplicativo seja inclusivo e consiga atender às diferentes realidades.
Apesar disso, as funcionalidades disponibilizadas são, em geral, as mesmas em todos os países. É possível que haja pequenas distinções baseadas em legislações locais ou disponibilidade de conteúdo (por exemplo, devido à língua). Entretanto, de um modo geral, procuramos oferecer todos os mecanismos de supervisão para que os usuários tenham acesso ao máximo de ferramentas possível para endereçarem suas demandas individuais.
Como você acredita que o Family Link possa influenciar na parentalidade hoje em dia?
Por meio da tecnologia, as crianças podem ter acesso a atividades e conteúdos de diversas áreas para aprenderem e se divertirem. Além disso, desenvolvem habilidades digitais, cruciais para o cenário atual. Em suma: existe muito o que as crianças podem aproveitar ao utilizarem dispositivos como celulares, tablets e computadores.
Por outro lado, elas ainda estão em processo de desenvolvimento e formação, requerendo um acompanhamento. Esse é o papel dos pais e supervisores, que tradicionalmente o fazem no mundo físico, mas que se sentem, muitas vezes, de mãos atadas no digital. O Family Link procura fechar essa lacuna ao fornecer ferramentas para que os pais possam continuar guiando seus filhos nas diversas situações que vivenciam, inclusive ao interagirem com a tecnologia.
Quais são as funcionalidades que as famílias mais utilizam quando instalam o Family Link?
Dentre as funcionalidades mais utilizadas pelos usuários estão o limite de tempo de tela e o controle de acesso a conteúdos apropriados para a idade.
Como vocês fazem para criar um equilíbrio para que o Family Link não seja uma ferramenta vista somente como "controle", mas também como uma forma de educar a criança digitalmente, independentemente da cultura em que ela estiver inserida?
O Family Link busca estabelecer um diálogo entre pais ou responsáveis e filhos, a fim de proporcionar uma interação saudável com a tecnologia. As crianças também possuem um papel fundamental nesse processo e são envolvidas na dinâmica de supervisão. Por exemplo, elas recebem notificações quando seus controles parentais mudam e possuem acesso a um painel de transparência que mostra os mecanismos de supervisão ativos no momento.
Conheça mais sobre o Family Link
Disponível para sistemas operacionais Android e iOS, o Family Link é oferecido hoje em 38 idiomas. No app, que também pode ser acessado desde 2022 na versão web, a família tem acesso a uma gama de ferramentas que ajudam a gerenciar o tempo de uso dos dispositivos e definir a hora de dormir, receber alertas de localização da criança, gerenciar apps e senhas e criar regras para rotina mais equilibrada dos menores na internet, entre várias outras funções. Saiba mais sobre o Family Link em g.co/FamilyLink.