A escassez dos profissionais de tecnologia no Brasil e seu consequente impacto no ecossistema de startups
Milhares de profissionais chegam ao mercado de tecnologia todos os anos, mas ainda assim existe uma escassez de pessoas para trabalhar no setor, que só aumentará com o passar dos anos. O contexto, que é global, afeta todos os agentes do ecossistema de inovação, desde as empresas tradicionais até as startups. A pergunta é: quais fatores motivaram, ao longo dos anos, a existência desse cenário?
É nisso que se concentra o relatório "Panorama de talentos em tecnologia", realizado pelo Google for Startups, com apoio da Abstartups e da Box 1824. O estudo mapeia atentamente os principais desafios que estão relacionados à escassez destes profissionais na área.
Para as startups, o desafio na contratação desses profissionais é ainda maior: 92% das startups que foram ouvidas pelo estudo acreditam que faltam profissionais de tecnologia no Brasil. A concorrência com grandes empresas nacionais e internacionais torna a competição por talentos qualificados mais acirrada. Menos atraentes e com menor potencial de retenção de profissionais, as startups entendem que um dos principais efeitos dessa lacuna de talentos é o atraso no crescimento de seus negócios, o que, em um universo competitivo como o de inovação, pode ser uma questão de sobrevivência.
Os principais desafios mapeados
Quando falamos em um gap de talentos, não nos referimos apenas a uma lacuna isolada, mas a várias delas que, em conjunto, resultam em um grande déficit. Por essa razão, entender a raiz das principais questões que o permeiam, e não apenas as suas consequências, é essencial para trabalhar em soluções assertivas.
Além de detalhar a questão da falta expressiva de profissionais qualificados para atender à crescente demanda, o estudo destaca outros dois desafios presentes no mercado de tecnologia: a senioridade desses profissionais e a homogeneidade de talentos do setor:
Senioridade
Ampliando a lente sobre essa falta de profissionais, vemos que há uma lacuna ainda
mais profunda de pessoas em níveis seniores e hiper especializados. 65% dos que responderam à pesquisa acreditam que faltam profissionais mais experientes e capacitados para atender, de forma independente, as necessidades e desafios que surgem no cotidiano das startups. Além disso, 84% das startups ouvidas acreditam que o mercado brasileiro não desenvolve o número de profissionais seniores que deveria.
Mercado de talentos homogêneo
O mercado de tecnologia no Brasil é bastante homogêneo e pouco diverso, com profissionais altamente concentrados na região sudeste, sendo 43% apenas no estado de São Paulo. Além da barreira regional, há ainda mais obstáculos para grupos politicamente minorizados, como mulheres e pessoas negras, que se deparam com ainda menos incentivos ao longo de suas jornadas, o que acaba por desestimulá-las e afastá-las do mercado de tecnologia. Dos entrevistados para o relatório, 50% consideram o mercado de tecnologia totalmente ou muito homogêneo em relação à raça, classe, religião e gênero, enquanto apenas 15% o consideram totalmente diverso.
Para além desses desafios, existe ainda a questão da fuga de talentos. Os profissionais que são especialistas buscam e são alvos constantes de melhores oportunidades e salários, principalmente fora do país. O cenário é uma consequência da falta de estrutura e referências no setor que levam à descrença na possibilidade de carreira e que desvalorizam o mercado de tecnologia brasileiro, tornando-o menos atrativo para profissionais estabelecidos ou recém-formados. No relatório, 73% concordam que existem condições mais atrativas internacionalmente, esvaziando o mercado nacional. Outros 60% dizem que a remuneração no mercado brasileiro não é competitiva comparada a mercados internacionais.
Para além do trabalho de identificação das lacunas, o relatório traz uma reflexão sobre possíveis caminhos, de curto, médio e longo prazo, que possam levar a soluções duradouras que contribuam para concretizar o potencial do mercado de startups no Brasil.
O papel do setor privado
O Google for Startups entende o quão essencial é estar inserido nesse contexto de mudança e impulsionamento e, por isso, desde 2016 vem atuando com esse objetivo, já tendo acelerado e mentorado quase 350 startups. Enquanto isso, em termos de educação e desenvolvimento tecnológico, o Google tem diversas outras iniciativas que buscam garantir alternativas de acesso, inclusão e capacitação para pessoas interessadas no mercado de tecnologia:
O programa oferece conteúdos e ferramentas gratuitas para o aprimoramento de habilidades, carreiras e negócios. Ao todo, já foram treinados mais de 2,4 milhões de brasileiros em habilidades digitais essenciais para o mercado de trabalho e para os negócios.
O Capacita+, hub de aprendizado online do Google Cloud, reforça o compromisso do Google em oferecer treinamento e conhecimento em tecnologia para mais pessoas, ajudando a aumentar a força de trabalho no país.
Cursos profissionalizantes com certificado. Especializações incluem Suporte de TI, Análise de Dados, Gestão de Projetos, UX Design e outros.
Iniciativa em parceria com o Bettha para distribuição de 60 mil bolsas integrais em cursos profissionalizantes em tecnologia, com o objetivo de capacitar e ajudar as pessoas de baixa renda, pessoas da comunidade LGBTQIAPN+, pessoas negras e mulheres, que, socialmente, sofrem mais com o desemprego.
Lançamento de plataforma exclusiva de empregabilidade
Para facilitar o caminho entre a capacitação técnica e a empregabilidade dos estudantes, todas as pessoas que se formarem nos Certificados Profissionais do Google passarão a ter acesso a uma plataforma exclusiva do Bettha.com, que conta com dois benefícios principais: o primeiro é uma trilha de conteúdo de soft skills, ou seja, habilidades socioemocionais que são cruciais na busca por um emprego. O segundo é o acesso prioritário a vagas de emprego anunciadas pelo Grupo Cia. de Talentos que tenham alinhamento com a sua nova formação. A parceria contará com vagas ofertadas pelo próprio Bettha, pela Cia. de Talentos e também pelo SerMais, ONG do grupo que trabalha com grupos socialmente sub representados.
Ainda há muito a ser feito
Vivemos, atualmente, em acelerada digitalização. As novas gerações já estão nascendo em um contexto em que a tecnologia permeia relações, tarefas e soluções. Isso, no entanto, não quer dizer que elas considerem a área como uma possibilidade de carreira ou que aprendam sobre ela de forma profissionalizante.
Entendemos que continuar a apoiar o ecossistema de startups por meio de programas de formação e de incentivo às carreiras em tecnologia é o caminho para que possamos atrair mais talentos.
Leia o relatório completo em goo.gle/gapdetalentos.