Black Founders Fund: pluralidade e impacto no ecossistema de startups do Brasil
No Google for Startups temos a missão de contribuir com a construção de um ecossistema mais igualitário e diverso. Por isso, o Black Founders Fund se tornou uma das nossas iniciativas mais importantes . Desde 2020, quando o fundo foi criado, nós já investimos em 33 startups, e estas já conseguiram levantar mais de R$25 milhões em rodadas adicionais de investimento. Hoje, estamos felizes em anunciar mais dez novas startups, que chegam para fazer parte da nossa comunidade.
Quando nos debruçamos na seleção das novas investidas, mantivemos nosso olhar atento ao fator da diversidade, que se mostra pelo perfil dos fundadores e da região do Brasil em que estão sediados alguns desses negócios. Das dez selecionadas, três são fundadas por mulheres e quatro estão fora do eixo Rio-São Paulo.
Também estivemos atentos à alta necessidade de soluções rápidas e precisas no mercado, por isso, quatro das novas selecionadas desenvolvem e aplicam Inteligência Artificial em seus produtos. Recentemente, realizamos uma pesquisa "O impacto e o futuro da Inteligência Artificial (I.A.) no Brasil", em parceria com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups) e a Box1824, e identificamos que 61% das startups entrevistadas de I.A. não têm negros em cargos de liderança e 49% desses negócios não contam com mulheres em cargos de liderança - neste contexto, dentro do novo grupo de empresas selecionadas para o Black Founder Fund, uma das startups se destaca como uma grata exceção, tendo sido fundada por uma mulher negra que lida com Inteligência Artificial.
Um raio-x das selecionadas
Fundada em 2016 por Ana Cabral, a paulista Baruk é uma das startups selecionadas que utilizam Inteligência Artificial em soluções de software para negócios. Ela se enquadra simultaneamente nas porcentagens de 5,5% e 5,4% referente a empresas de I.A. no Brasil que, de acordo com a pesquisa do Google for Startups, contam com um fundador que seja uma mulher ou uma pessoa preta, respectivamente.
A Baruk é conterrânea da Uppo, fundada há dois anos por Vanessa Poskus. Também voltada para empresas, a startup de tecnologia é especializada na criação e gestão de clubes de benefícios, e ajuda empresas a engajar e fidelizar seus públicos estratégicos.
Thais Ramos, líder da startup curitibana De Benguela, veio para completar o time de fundadoras do grupo com seu olhar totalmente voltado para o consumidor final. Primeira mulher negra a se formar Direito na Universidad de Alcalá, na Espanha, Thais criou uma loja especializada em diferentes texturas de cabelo crespo natural para alongamentos e apliques.
Assim como a De Benguela, outras duas startups estão no Sul do país: a catarinense Erah, negócio de inteligência comercial especialista na geração de leads para a indústria de software e tecnologia, liderada por Maike Marques, e a gaúcha de Inteligência Artificial Ubots, uma das 100 Startups to Watch de 2022, fundada por Rafael Souza. Ela é especializada em soluções de relacionamento e atendimento ao cliente por meio de uma plataforma própria.
Do gaúcho ao sertanejo, a startup Trampay, também se encontra fora do sudeste brasileiro que abriga tantos negócios. Localizada no Distrito Federal e liderada por Thiago Ribeiro e Jorge Junior, a fintech de impacto social funciona como uma plataforma de benefícios para o trabalhador, no modelo B2B2C.
E por falar em impacto social, a logtech naPorta, liderada por Sanderson Pajeu, é um dos negócios dirigidos pelo propósito comunitário. A startup viabiliza as entregas das compras online feitas por moradores de comunidades e regiões com restrição, em que muitas das empresas de logística geralmente não fazem entregas.
Na lista de startups que desenvolvem soluções voltadas para empresas, a fim de auxiliar ou facilitar processos e análises, encontramos a aplicadora de I.A. HartB, que é especialista em Big Data, análise e cruzamento de dados; a Damch, desenvolvedora de soluções que auxiliam empresas a crescerem, otimizarem ações e mitigarem riscos para redução de custo, e a Easy B2B, uma startup de varejo digital destinada a facilitar o processo de compra e vendas entre empresas.
Com a apresentação dessas novas startups, o total de empresas selecionadas para o Black Founders Fund chega a 43. Juntas, elas já receberam parte dos R$13,5 milhões do fundo, que soma o aporte inicial de R$5 milhões anunciado com o lançamento do fundo em 2020 e o novo recurso de R$8,5 milhões anunciado no início de 2022.
Com diversidade, Brasil será referência
O Brasil está caminhando para se tornar uma referência no ecossistema de inovação global. Ao longo dos últimos anos, tenho observado essa tendência, ao verificar de perto uma série de movimentos importantes, trabalhando lado a lado com as comunidades que se dedicam a este objetivo, mesmo que indiretamente.
Por exemplo, os empreendedores e as empreendedoras do nosso país conseguem se reinventar e conquistar novos espaços, sobretudo em meio às crises, o que é fundamental hoje em dia, pensando no desenvolvimento do ecossistema.
Também por isso, as prospecções de mercado sobre como estamos evoluindo estão cada vez mais positivas, como confirma o índice global desenvolvido pela StartupBlink. Segundo o levantamento, o país lidera o ranking de melhor ecossistema de startups na América Latina.
Estamos no caminho certo e sabemos o que fazer para evoluir cada vez mais. E ampliar a representatividade racial é um papel fundamental na nossa sociedade para a construção de um ecossistema mais igualitário e diverso. Esse pensamento também se adequa à comunidade de inovação brasileira. Por isso, seguimos com inscrições abertas para o Black Founders Fund, investindo em startups fundadas e lideradas por pessoas negras, sem qualquer participação societária. O que também nos impulsiona a continuar são as recorrentes histórias de sucesso de afroempreendedores que compõem a nossa comunidade, como as dos depoimentos abaixo:
Apoio à reinvenção
"Quando a gente começou o projeto da Yoobe, ele era voltado para o business to consumer, ou seja, o consumidor final. Mas tivemos alguns insights dos nossos primeiros investidores e começamos a perceber o que estava acontecendo no mercado durante a pandemia: pessoas saindo do escritório para trabalhar de casa e perdendo a conexão com as suas empresas. A partir disso iniciamos um processo de aprendizado com as corporações e entendemos que elas precisavam fazer com que seus colaboradores se sentissem motivados, felizes e acolhidos, então mudamos nosso modelo de negócio. No entanto, sem ajuda nós não conseguiríamos chegar ao lugar que objetivamos. Vimos a oportunidade de poder contar com o apoio e a expertise do Google for Startups, por meio do Black Founders Fund, e eu diria que chegou na hora certa."
- Genau Lopes Jr, cofundador e CEO da Yoobe Corporate, plataforma que gerencia o processo de criação, produção e entrega de produtos corporativos.
Ampliando oportunidades
"O Black Founders Fund nos permitiu contratar mais pessoas para as áreas de vendas e marketing focadas no crescimento global, e conseguimos trazer novos desenvolvedores para a melhoria do produto. Foi muito importante para nós, pois um dos desafios que eu e meu sócio enfrentamos como empreendedores, além do acesso a capital, foi o de alimentar e desenvolver um produto durante todo um ano, empregando tempo e energia para depois levar ao mercado e ver que não teve aderência. Sabemos a importância do bom desenvolvimento de um produto. Além disso, pela iniciativa tivemos acesso a produtos Google e à mentoria que nos instruiu a como melhorar técnicas de soluções usando esses produtos.”
- Guilhermino Afonso, CEO e fundador da Wellbe, plataforma completa de gestão de saúde corporativa, que fornece feedbacks de saúde personalizados para colaboradores.
Um apoio contínuo
Seja através das conexões, relacionamento ou até mesmo de investimentos, seguimos mais comprometidos do que nunca no objetivo de colaborar para ampliar a diversidade entre as startups brasileiras e para a criação de uma comunidade única dentro do ecossistema de inovação. O caminho ainda é longo, mas seguiremos firmes, buscando sempre entender as dores e expectativas dos empreendedores do país e da América Latina. E eu não tenho dúvidas: com o suporte de organizações, mentores e fundadores de startups, o propósito de continuar provocando mudanças seguirá intacto.