Google e Fundação Dorina Nowill unem esforços para levar mais acessibilidade a pessoas com deficiência visual
Um celular conectado à internet pode trazer mais autonomia, oportunidades de estudo, comunicação e emprego a muitas pessoas com deficiência visual. No entanto, infelizmente, não é uma realidade ainda que estas tenham fácil acesso a tecnologias que podem facilitar seu dia a dia. Pensando nisso, para ajudá-las a obter mais independência e visando a inclusão dessas pessoas no mundo digital – especialmente quando consideramos o impacto da pandemia e o período de isolamento social – trouxemos a iniciativa global Hardware for Good para o Brasil.
Firmamos uma parceria com a Fundação Dorina Nowill para Cegos (organização sem fins lucrativos e de caráter filantrópico focada em auxiliar pessoas cegas ou com baixa visão e seus familiares) para a doação de cerca de 2.000 celulares smartphones Android, com dois anos de conectividade gratuita, às pessoas assistidas pela Fundação e organizações parceiras.
A doação incluiu um audiobook educacional, com o passo a passo para a configuração de todo o aparelho, levando em consideração as necessidades de cada cliente, que recebeu atendimento individual e personalizado durante a entrega, assim como workshops ministrados por nós sobre as funcionalidades dos aparelhos. A personalização do dispositivo ajudou os contemplados a terem uma vida mais simples e fácil, removendo parte das barreiras que dificultavam o seu dia a dia.
O projeto aconteceu em duas etapas, sendo a primeira no auge do isolamento social de agosto de 2020 e a segunda sendo finalizada no fim de 2022. Com a iniciativa, pudemos apoiar por meio de nosso ecossistema Android acessível e suas ferramentas para que pessoas com deficiência visual no estado de São Paulo pudessem se conectar durante o período de isolamento com seus amigos, familiares e a própria Fundação Dorina, para assim receber apoio psicológico remoto, seguir com seus atendimentos de adaptação, estudar e até mesmo se desenvolver profissionalmente.
Reaprendendo formas de comunicar e interagir
Há quatro anos sem enxergar, o orientador socioeducativo Cláudio Cardozo, de São Paulo, capital, conversou com a gente por videochamada usando o smartphone que ganhou no projeto. "Tiro minhas fotos com ele e adiciono meus aplicativos, entrei (na chamada) por esse link que me enviaram. Esse aparelho é tudo de bom", conta.
Após perder a visão, Cláudio diz que se sentiu "à deriva" e explica que, ainda que tivesse experiência com celulares, precisou reaprender tudo "de uma hora para outra". Com o smartphone que ganhou no projeto, Cláudio vem redescobrindo apps, redes e ferramentas e, hoje, navega sozinho pelo YouTube, Google Chrome, Google Maps, Google Fotos e outros.
Cláudio também conta que tem vontade de fazer cursos de terapia ocupacional ou psicologia para voltar ao mercado de trabalho e, para isso, ter acessibilidade na internet é fundamental. "O celular hoje é um universo intelectual, musical, de cultura e de conhecimento que podemos estudar e, tendo tudo isso em mãos, sempre podemos melhorar."
Também beneficiada pelo projeto, Karina Onorato explica que, quando recebeu o celular, "foi aos pouquinhos aprendendo e mexendo". Hoje, costuma usar o Chrome para buscar notícias, além de acessar o YouTube para procurar conteúdo sobre saúde, bem-estar e receitas culinárias.
Foi pelo smartphone que Karina também estudou terapia ocupacional e aprendeu, pela primeira vez, a assinar o próprio nome com o auxílio da câmera do telefone apontada para uma folha de papel, sob orientação de instrutores da Fundação Dorina. "Eu nunca soube o que era uma assinatura. Como a gente não enxerga, a gente faz o braille e eu não sabia que (assinar) fazia sentido."
Já Cristian Santana Rofino, de 10 anos, conversou com a gente por intermédio de Cristiane, sua mãe. Curioso por tecnologia, Cristian usa o celular para buscar jogos no Google Assistente, como o "Você Está Com Sorte", estudar inglês e espanhol e aprender lições de pandeiro no YouTube, onde também tem um canal em que mostra seu cotidiano e descobertas. "Aprendi a fazer o básico da edição de vídeo, consegui por uma musiquinha, efeito e filtro", diz empolgado.
Ampliando oportunidades e inclusão
Com o objetivo de apoiar as comunidades mais vulneráveis – também após o impacto causado pela pandemia – buscamos oferecer mais oportunidades de estudo e conectar com ofertas de trabalho através de uma parceria entre a Fundação Dorina e o Google Jobs, facilitando a busca por empregos para pessoas cegas ou com baixa visão.
No entanto, no que diz respeito à democratização da internet, ainda temos uma disparidade geográfica considerável em termos de penetração de smartphones e da internet. “No Sudeste, 75% da população tinha acesso à internet, enquanto no Nordeste, apenas 64% dos moradores estavam conectados” (Relatório de impacto econômico e social do BR Android, 2020).
Assim, depois da primeira onda, focada em pessoas com deficiência visual no estado de São Paulo, começamos a expansão pelos estados do Acre, Pará, Goiás e Piauí, que contou com a parceria das organizações Comradio, em Teresina, CAP/Cebrav, em Goiânia, CAP Acre, em Rio Branco, e CIIR, em Belém.
Promover conectividade e acessibilidade por meio de dispositivos Android é uma parte primordial dos nossos esforços locais de Recuperação Econômica por meio de ferramentas tecnológicas úteis para a jornada de independência e autonomia. A segunda onda do projeto veio alinhada com um momento de desenvolvimento e crescimento social e profissional pós-pandemia, abrindo novas portas para a educação, visando uma qualidade de vida melhor, aprimorando os conhecimentos e impulsionando o crescimento econômico, educacional e tecnológico do País.
E sabemos: as pessoas estão mudando o mundo por meio de sua própria criatividade e paixão através da tecnologia, por isso, seguiremos fazendo nosso melhor para contribuirmos como partes ativas nesse processo.