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Blog do Google Brasil

Mulheres ganham confiança para empreender com iniciativas do IRME apoiadas pelo Google.org

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Ilustração de mulheres juntas.

Aprender sobre liderança, finanças, networking e ferramentas de marketing digital pode ser tão importante quanto a decisão de começar o próprio negócio. Levar adiante essa mensagem de transformação e fortalecer a autoestima das mulheres para que elas se reconheçam como empreendedoras são alguns dos principais objetivos dos programas Ela Pode e Potência Feminina.

Voltados ao treinamento e capacitação, os programas são oferecidos pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME) com apoio do Google.org, organização filantrópica do Google. Em 2022, anunciamos a doação de R$ 10 milhões ao IRME para que mais 200 mil mulheres sejam capacitadas pelo Ela Pode nos próximos três anos.

Desde 2019, os dois programas já treinaram mais de 250 mil mulheres em todo o Brasil. Com o apoio, temos o objetivo de contribuir para a diminuição da desigualdade de gênero e o aumento da empregabilidade, independência financeira e capacitação feminina.

Os programas são gratuitos e podem ser feitos tanto online quanto presencialmente. O Ela Pode conta com multiplicadoras locais que já palestraram em mais de 1000 municípios brasileiros. Já o Potência Feminina acontece presencialmente em 10 OSCs (Organizações da Sociedade Civil) nos estados de São Paulo, Ceará, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Amazonas, Pará, Maranhão, Alagoas, Espírito Santo e Distrito Federal

Vídeo de participante contando sua história no programa
10:25
Natalice Barbosa posa para foto em banner do próprio negócio.

A empreendedora Natalice Barbosa, participante do Ela Pode.
Crédito: Divulgação.

Empreender contribui para a independência

"Sempre gostei muito de ser livre e o Ela Pode, de certa forma, faz você enxergar que isso é possível, que você é capaz de fazer", conta Natalice Barbosa, baiana de Salvador, que hoje vive em Parnaíba, no Piauí. Ela participou de duas edições do Ela Pode na cidade de Alagoinhas, na Bahia, ambas em 2019.

Natalice é dona de seu próprio negócio, o Dpropósito Brechó, e agora também trabalha na organização de encontros de brecholeiras da região com o objetivo de movimentar a moda circular, espalhar sustentabilidade e ampliar as oportunidades para as mulheres.

O impacto de ter seu próprio negócio contribui positivamente para as finanças do lar, compartilhado com as duas filhas, além de fortalecer o lado emocional. "Quando você aumenta a autoestima de uma mulher, você dá a ela a confiança que ela precisa para tocar os projetos para a frente – e o Ela Pode faz muito isso."

Antes da pandemia, Natalice trabalhava em um estacionamento. Na época, o chefe disponibilizava um espaço para que ela movimentasse o brechó nas horas vagas. Em 2020, quando a pandemia se intensificou, Natalice ficou desempregada e teve de levar o brechó de volta para a casa.

Natalice posa com outras brecholeiras.

Encontro de brecholeiras organizado por Natalice Barbosa (de vermelho, primeira à direita). Crédito: Divulgação

Com os conhecimentos do Ela Pode, resolveu mudar o nome do negócio. O "Brechó da Nat" virou "DPropósito", porque "fica mais profissional botar um nome diferenciado". Das aulas, ela destaca a parte das finanças e os ensinamentos sobre redes sociais. "Ainda gosto de estar muito perto das pessoas, mas o online é bom porque alcança lugares onde a loja física não consegue chegar."

Retrato de Jacqueline

A empreendedora e mentora Jacqueline Rodríguez.
Crédito: Arquivo pessoal/Divulgação

O poder da multiplicação do apoio feminino

Foi por causa de um grande susto que a professora Jacqueline Rodriguez chegou ao Brasil, em dezembro de 2018 e, desde então, viu sua vida se transformar completamente. "Minha mãe estava no Brasil viajando com amigos quando sofreu um acidente grave", conta a venezuelana de Caracas, que foi parar em Boa Vista, Roraima, às pressas e sem planejamento.

Com a mãe debilitada e poucas informações, Jacqueline buscou apoio financeiro com seus amigos da igreja. Pediu um afastamento da escola onde era diretora-adjunta, despediu-se do marido e dos dois filhos pequenos e foi para a fronteira da Venezuela com o Brasil. Não falava português e, graças ao apoio feminino, conseguiu passar a fronteira.

Testemunhando os desafios de comunicação, uma mulher que estava no local ajudou Jacqueline a decorar uma frase em português para explicar o motivo da viagem repentina ao oficial da imigração. "Meu foco não era sair da Venezuela, porque, apesar da crise, a gente tinha casa própria e ainda estava conseguindo trabalhar e comer."

Jacqueline posa com participantes de palestra do Ela Pode

Jacqueline Rodriguez (de rosa, primeira à esquerda) em palestra do Ela Pode.
Crédito: Divulgação.

Já em Roraima, enquanto sua mãe melhorava pouco a pouco, Jacqueline se voluntariou em uma ONG de acolhimento de imigrantes. Foi no voluntariado que uma colega comentou sobre o Ela Pode. "Vimos que o curso era só para mulheres brasileiras, mas falei 'vamos tentar, quem sabe deixam a gente fazer'." As duas foram aceitas no programa.

Ao final do curso, concluído em junho de 2019, Jacqueline foi convidada para fazer o treinamento de multiplicadora do Ela Pode e, assim, ficar apta a preparar mais mulheres. Um dos maiores desafios, diz, é o de "empreender internamente". "Mesmo arrumando o capital, se você não acredita que pode empreender, você acaba gastando."

Hoje, o marido e os filhos moram com ela em Boa Vista. Jacqueline empreende como MEI na Publigráfica, negócio que toca com o marido, além de seguir palestrando e dando mentorias em cursos do Ela Pode e do Potência Feminina. A empatia, destaca, é fundamental para solidificar a autoconfiança de todas: "para empreender você precisa acreditar em você e nas outras pessoas".

Mel Colonna posa para foto.

Mel Colonna, estudante e participante do Potência Feminina.
Crédito: Divulgação.

Trabalhar a diversidade e a inclusão

Aos 12 anos de idade, a estudante Mel Colonna começou seu primeiro projeto social em Ceilândia, Brasília, chamado Fábrica da Alegria, no qual fazia visitas a hospitais e casas de repouso. "O objetivo era permitir que mais jovens pudessem se incluir nesse meio de ação social'', conta Mel, hoje com 19 anos.

Ela foi uma das participantes do Potência Feminina, curso do IRME que oferece mentorias e aceleração com capital-semente para os projetos selecionados. A jovem se inscreveu com o ConexãoAfro, projeto que criou quando ainda tinha 16 anos, junto a três amigas, com o objetivo de promover eventos culturais para conectar e unir pessoas negras em Brasília.

"Foi uma experiência incrível que eu pude entender não só sobre a organização do mercado, mas como é o mercado fora do meio dos projetos sociais", explica. "Depois que conseguimos ganhar essa visão (da mentoria), conseguimos monetizar mais o projeto, passar em mais editais e fazer ficar mais rentável."

Atualmente, Mel faz graduação em Comunicação Organizacional e é estagiária em uma multinacional do ramo alimentício. Sobre o programa, ela destaca uma lembrança: "Foi o meu primeiro troféu de empreendedora de sucesso e esse curso ganhou meu coração, porque é tão bom se sentir amada, acolhida, reconhecida."

Mel posa para foto com participantes do conexão afro.

Encontro de pessoas associadas ao projeto ConexãoAfro.
Crédito: Divulgação

Como multiplicar o empreendedorismo feminino

Segundo observa Ana Fontes, fundadora do Instituto RME, existem, em geral, quatro desafios na vida da mulher empreendedora: "em primeiro lugar, é a confiança, elas entenderem e se identificarem como empreendedoras; em segundo, é a questão do trabalho doméstico, que inclui cuidar dos filhos e da casa, que é majoritariamente feito por mulheres; em terceiro, é o acesso a recursos financeiros e em quarto é a falta de acesso à informação, conteúdo e capacitação".

Participante do Ela pode conta sua experiência em vídeo
10:25

Para amenizar os desafios, é preciso trabalhar as habilidades socioemocionais das mulheres – as soft skills – orientando para que elas consigam dividir as tarefas domésticas com parceiros e familiares, facilitar o acesso à capacitação, estimular as microdoações (capital-semente) e ajudar a movimentar as ideias e motivar essas mulheres que buscam apoio.

"Em tudo que construímos em nossos 12 anos de existência, foi uma virada de chave muito importante ter o apoio do Google desde 2017, porque nós conseguimos ter a tranquilidade para desenvolver nossas ferramentas e metodologias, além de ter, também, o apoio intelectual do próprio Google para nos ajudar como organização."