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Empreendedorismo

Orgulho LGBTQIA+: os desafios e conquistas dos fundadores da AfroSaúde no ecossistema de startups



foto dos fundadores

Na escola, uma das primeiras coisas que aprendemos sobre os ecossistemas é que eles são vivos. Sendo vivos, eles estão sujeitos ao crescimento, às baixas, às mudanças e aos desequilíbrios. No que isso se relaciona com os negócios do mercado de tecnologia? Em tudo.

Ainda que distante da biologia, o ecossistema de startups também está sujeito a esses mesmos impactos. A baixa presença de mulheres, pessoas pretas e LGBTQIA+, por exemplo, pode ser tida como um desequilíbrio. Mas assim como em qualquer outro meio, as desproporções podem ser corrigidas. Foi baseado nesse intuito que Arthur Lima e Igor Leo Rocha resolveram empreender.

Fundadores da AfroSaúde, Arthur, dentista, e Igor, jornalista, idealizaram e criaram um negócio de impacto social que já é referência no Brasil. O propósito de oferecer acessibilidade mirando na diversidade e inclusão está diretamente ligado ao perfil dos empreendedores: dois homens pretos, nordestinos e LGBTQIA+.

Oferecendo soluções de tecnologia focadas nos marcadores sociais e raciais, a health tech surgiu da união de experiências de cada um, que deixaram visíveis a escassez de acesso a atendimento humanizado e representativo. "Começamos a empreender do zero", conta Arthur, CEO. "Cada um trouxe um pouco do seu talento para construir um negócio pautado pela inclusão e com foco na transformação social. O Igor com o seu conhecimento de comunicação corporativa e negócios e eu, com meu conhecimento da área da saúde".

Porém, apesar dos espaços já alcançados dentro do ecossistema, os fundadores não deixam de destacar as suas dificuldades. "Um dos grandes desafios para o crescimento de negócios criados por pessoas como nós, que fogem do padrão branco, hétero, cisgênero e sudestino, ainda é o acesso a capital", destaca Igor, CSO. "Empreendedorismo não é sobre glamour e visibilidade. Envolve dinheiro, relacionamento e conexões. E a gente sabe muito bem o esforço que precisa ser feito para furar as famosas bolhas do mercado para nos fazermos visíveis.", complementa.

No caso da AfroSaúde, o sucesso e a prosperidade em meio às dificuldades estão atrelados ao fator pertencimento. "Nos entendemos como negros, gays, nordestinos e todos essas singularidades se tornam, de certa forma, dificultadores em alguns processos envolvendo nossos negócios", aponta Igor. "Ao mesmo tempo, sabemos que só conseguimos construir a AfroSaúde por entender que pertencemos a estes marcadores sociais, e isso faz muita diferença quando desenvolvemos novas soluções".

Para ambos os fundadores da startup, se reconhecer como parte da comunidade LGBTQIA+ nunca foi um problema, se comparado às dificuldades que eles já enfrentaram com o recorte de raça.

"Estamos juntos há quase seis anos e confesso que, apesar de vivermos no país que mais mata LGBT no mundo, temos alguma vantagem em relação a publicizar o nosso relacionamento perante família, amigos e por meio das nossas redes de trabalho. Temos uma rede de afeto muito forte e sabemos que nem todas as pessoas usufruem desse privilégio", destaca Arthur.

Quando o tema são as conquistas, Igor é direto em dizer: "ter a possibilidade de seguir em frente, mesmo com todas essas questões, é a nossa maior conquista. E entender que nossa jornada contribui para a abertura de possibilidades para outros empreendedores, certamente nos traz a certeza de que estamos no caminho certo”.

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