Acesse o menu principal
Blog do Google Brasil

Diversidade, Equidade e Inclusão

Inclusão na prática: manual de linguagem inclusiva transforma a comunicação do Google

imagem de pride

Os e-mails de comunicação interna que recebia no trabalho chamaram a atenção da googler Samanttha Neves. Não pelas informações que traziam, mas pelos vieses que passam despercebidos por muitas pessoas. Afinal, um e-mail direcionado a um público amplo que abre com "bem-vindos" não é inclusivo.

Mulher trans e negra, Samanttha entrou no Google em 2019 ao participar do Next Step, programa de estágio focado em aumentar a representatividade de talentos negros no Google Brasil. Atualmente trabalhando como Analista de Mercado de Finanças, ela também co-lidera o PRIDE, comitê LGBTQIAPN+ do Google em São Paulo, em parceria com o gerente de operações do YouTube Eduardo Pierre, no Google desde 2018.

A dupla se conheceu no PRIDE e logo começou a identificar algumas dores na comunicação corporativa e a pensar em formas de melhorar. Samanttha é responsável pelo pilar de eventos externos, Eduardo fica com o pilar de eventos internos e as pessoas aliades organizam uma newsletter mensal interna para a comunidade. O comitê ainda promove atividades como clube do livro, clube do filme e, desde 2019, a liderança do PRIDE oferece voluntariamente um treinamento próprio sobre linguagem inclusiva.

"Se a gente não tem representatividade na fala, nós excluímos pessoas. No fundo, a minha preocupação também foi a de pensar: sou uma pessoa trans e entrei em uma multinacional; quantas outras pessoas trans, não-binárias, vão entrar no Google ou em qualquer outro lugar e não vão receber esse respeito. Isso muda totalmente a experiência da pessoa dentro da empresa. Vamos preparar a casa." – Samanttha Neves

Samanttha e Edu

De lá para cá, Samanttha e Eduardo já impactaram aproximadamente 500 pessoas que se interessaram em aprender sobre uma maneira mais respeitosa, acolhedora e inclusiva de usar a língua portuguesa. "Focamos muito em educação e letramento. Levar o assunto, ajudar as pessoas a entenderem sobre a comunidade e mostrar nossa luta. Entendemos que ainda tem um caminho longo a ser feito", diz Eduardo.

Treinamentos mostram que é possível melhorar

"Uma das coisas mais comuns que eu vejo (nos treinamentos) é o 'obrigade' em final de apresentação. As pessoas ficam confusas e colocam 'obrigade', porque pensam que estão sendo inclusivas. Aí a gente sempre explica que o 'obrigado' no final é você quem está agradecendo, então depende de como você se identifica", conta Samanttha sobre um dos erros mais comuns que aparecem nos encontros.

Para promover a linguagem inclusiva, as pessoas precisam exercitar outras formas de se comunicar que fogem do binarismo da língua portuguesa. Nosso idioma possui palavras consideradas neutras que, na verdade, marcam o sexismo linguístico. Por exemplo, o pronome "todos", apesar de neutro, privilegia os homens. No entanto, com atenção e prática, é possível quebrar muitos dos vieses, pouco a pouco.

"Uma das primeiras coisas que surge nos treinamentos é que as pessoas falam que é muito difícil usar linguagem inclusiva, mas depois da sessão dizem que 'não é tão difícil assim'. Sinto que as pessoas também querem aprender sobre a comunidade e tirar dúvidas, desde as mais básicas como 'não era GLS?'. A gente usa esse espaço para educar sobre a comunidade, não só sobre a linguagem inclusiva." - Eduardo Pierre

Manual também abrange a interseccionalidade

O conteúdo do manual que é usado nos treinamentos abrange o conceito de interseccionalidade, cunhado em 1989 pela intelectual norte-americana e feminista negra Kimberlé Crenshaw, que ajuda a entender como as opressões de raça e gênero estão interligadas.

"Não falamos só sobre sexualidade, que é o material do começo do treinamento, mas também sobre a parte racista, a parte capacitista, trazendo interseccionalidade, que a galera geralmente gosta muito e eu sinto um forte engajamento", diz Eduardo.

Observando a interseccionalidade, é possível notar como várias camadas de opressão podem estar interligadas na comunicação. "As pessoas começam a pensar: 'nossa, minha linguagem está muito sexista, porque eu quase não incluo o gênero feminino, ou uso aquele termo 'lista negra', que não é legal'.", explica Samanttha.

A responsabilidade de inclusão é de todes

Como bem relembra Samanttha: "o aprendizado inicial já passou e precisamos ir além de nos educar para deixar de errar por falta de conhecimento." A quantidade de conteúdo sobre diversidade e inclusão na internet é ampla e divulgada.

"Nós já estamos na época de nos responsabilizar por nossas falas e escritas. Você não saber se está certo ou errado não te isenta de machucar uma pessoa. Se você errou, peça desculpas e aprenda a não errar mais", recomenda Samanttha.

Além de fazer parte do PRIDE, a analista integra o AfroGooglers, comitê interno de Diversidade Racial, Equidade e Inclusão, e o Women@google, comitê interno de mulheres do Google Brasil. As pessoas que são treinadas por ela e por Eduardo também podem facilitar treinamentos de linguagem inclusiva para mais times.

Linguagem inclusiva não somente em junho

Anualmente, celebramos o Mês do Orgulho LGBTQIAPN+ todo junho. As letras da sigla representam, respectivamente, pessoas lésbicas, gays, bissexuais, transexuais/travestis, queer, intersexo, assexuais/arromânticas/agênero, pansexuais/polissexuais, não-binárias e mais.

Aproveitar as datas comemorativas ajuda a reforçar a mensagem da diversidade e inclusão o ano todo. O café da manhã antes da Parada, que é organizado pelo PRIDE, costuma ser o evento mais esperado do ano, mas datas como o dia da consciência negra (20 de novembro), dia nacional da visibilidade trans (29 de janeiro), dia internacional das mulheres (8 de março) e o dia internacional da pessoa trans (31 de março) são marcos importantes do calendário.

O Google, tanto antes das eleições de 2018 como de 2022, assinou uma carta aberta de apoio à diversidade, ao respeito e à inclusão de pessoas LGBTQIAPN+ ao lado de mais 117 empresas e organizações signatárias, reforçando nosso compromisso com a inclusão. A carta foi organizada pelo Fórum de Empresas e Direitos LGBTI+, o Instituto Mais Diversidade e a Out & Equal Workplace Advocates.

cafe da manhã de Pride