Como o Googler José Neto construiu seu próprio caminho no mundo da tecnologia
Nota do editor: A entrevista abaixo faz parte de uma serie chamada “People of Cloud”, que conta as histórias das pessoas que trabalham ajudando a organizações de todos os tamanhos a adotar tecnologias de nuvem. José Neto trabalha no escritório do Google em São Paulo, então estamos compartilhando aqui também.
A computação em nuvem tem sido parte essencial do mundo dos negócios, habilitando soluções nova para ajudar empresas de todos os tipos de indústria a acelerar sua transformação digital e inovação. O Google Cloud tem um time de engenheiros focados e empenhados em garantir que nossos clientes tenham e façam o melhor uso das tecnologias de nuvem.
O Googler José Neto, Customer Engineer do Google Cloud, sabe bem disso. Como parte desse time, ele ajuda nossos clientes em sistemas de computação híbrida e na modernização de aplicações para a nuvem. Com uma trajetória de aprendizado e dedicação incansáveis, Neto valoriza a troca de conhecimentos no mundo da tecnologia e, recentemente, esteve em Salvador, sua cidade natal, levando conhecimentos sobre a área para desenvolvedores locais durante o Innovators Hive, um evento que buscou fomentar o ecossistema tecnológico e empreendedor baiano.
José Neto é o entrevistado de hoje da nossa série global de entrevistas People of Cloud, que traz depoimentos de pessoas apaixonadas pela profissão, que ajudam a construir nossos produtos, conectar com os clientes e moldar nossas comunidades. Confira a sua história:
O que define a forma como você trabalha?
É a maneira como vejo a experiência. Quando trabalho com um cliente, estou interessado em ajudá-lo a resolver um problema ou criar um novo serviço. É muito pessoal para mim.
Adoro trabalhar com clientes para obter resultados, resolver problemas, criar um novo serviço. Sempre me pergunto: se conseguirmos, qual será o impacto na vida das pessoas? O que esse resultado significa para elas? Quando alguém deseja criar uma experiência para o seu cliente, me faz querer ajudá-la ainda mais.
O que significa ter uma experiência e por que essa ideia é tão pessoal para você?
Uma nova experiência positiva é também uma experiência de esperança - o que as coisas podem ser, o que mais é possível ter e fazer. Pessoas e empresas precisam ganhar dinheiro, eu sei disso, mas isso precisa ser a base de experiências positivas fortes.
A educação, o processo de aprendizagem, é um tipo de experiência da qual nunca desisti. Cresci tão pobre que não tínhamos comida todos os dias. Quando eu tinha 13 anos, me mudei para a casa da minha avó para poder frequentar escolas melhores e ser educado de outras maneiras. Meus irmãos são brancos (eu e minha irmã temos os mesmos pais), mas eu sou negro e a minha avó se preocupava que eu precisava de educação para ter sucesso no Brasil. Ela me colocou em um caminho de aprendizado implacável, de diversas formas.
Como o quê?
Se eu quisesse uma mesada, ela me fazia ler um livro e me questionava sobre fatos do livro antes de me pagar. Quando eu tinha 18 anos, ela pediu a um amigo que me desse um emprego em uma loja de informática. Todos os meus colegas de trabalho tinham muito mais experiência com os computadores do que eu e podiam atender o dobro de clientes.. Isso era importante, porque éramos comissionados e, se eu não caçasse negócios, não comia. Mas eu era curioso e aprendi mais sobre os computadores lendo e estudando. Então, acabei consertando coisas que eles deixavam passar, como vírus que re-infectavam as máquinas dos clientes. Isso me ajudou a criar uma reputação e acabei conseguindo um emprego melhor.
Mas, isso ainda está muito longe do que é a computação em nuvem corporativa.
Esse foi o começo. Depois, consegui um emprego em uma empresa de TI, onde aprendi sobre o sistema operacional Linux, servidores de e-mail e Web. Aos 27 anos, arrumei trabalho em Angola, na África, desenvolvendo sistemas de ligações telefônicas pela Internet para uma empresa de educação. Enquanto estava lá, aprendi sobre sistemas de missão crítica e trabalhei para empresas de petróleo e gás e mercado financeiro. Eventualmente, um banco no Rio de Janeiro me contratou para trabalhar em seus sistemas e, alguns anos depois, eles me transferiram para São Paulo. Aprendi sobre computação em nuvem, trabalhei alguns anos em outro grande provedor de nuvem e há quatro anos me juntei ao time do Google Cloud.
Isso é muito trabalho!
É muita experiência. E eu nem cheguei a comentar sobre o que mais estava acontecendo. Por exemplo, fui à Angola, porque pretendia casar com a minha namorada, mas precisava juntar dinheiro. Ao mesmo tempo, eu estava interessado em conhecer Angola, porque, além de ser um lugar de língua portuguesa, assim como o Brasil, os negros são o elemento dominante naquela sociedade. Aprendi muito lá. Depois, consegui meu emprego no banco para casar com a minha namorada. Hoje, estamos casados. São algumas das várias experiências na minha história. Todas elas falam sobre quem eu sou agora e como ainda estou aprendendo.
Você pensa muito sobre o quão longe sua vida o levou?
Não antes de marcarmos esta conversa. Como todo o mundo, estou apenas vivendo minha vida, buscando experiências e oportunidades. Preparando-me para essa conversa, porém, percebi: se eu voltasse no tempo e dissesse ao meu eu do passado, com 18 anos, para onde ele estava indo e onde estaria hoje, eu não teria acreditado. Naquela época, eu me virava todos os dias para comer. Eu não acreditaria que teria o suficiente na vida para não me preocupar em comer por um ano. Eu não poderia imaginar com qual tecnologia estaria trabalhando, ou que estaria me educando não apenas com livros, mas conversando com pessoas do Google Cloud que criaram grande parte da tecnologia que sustenta a computação em nuvem.
A propósito, que livros sua avó fazia você ler? Ciência? Matemática?
Shakespeare! Oscar Wilde, "O Retrato de Dorian Gray". "Crime e Castigo", de Dostoiévski - Raskolnikov é um personagem tão incrível! Fala sobre uma transformação pessoal. Eu ainda amo "Wuthering Heights" ( O Morro dos Ventos Uivantes)
Não esperávamos essa resposta.
Aqueles livros não me preparavam para computadores, mas as faculdades no Brasil naquela época também não - eu tentei isso um tempo antes de ir à Angola, mas eles só ensinavam coisas de antes da Internet.
Esses livros que a minha avó me fez ler, no entanto, ajudam você a entender as outras pessoas e o que elas estão passando. Eles aumentam sua empatia. Isso nos faz ganhar experiência, nos tornando melhor com os clientes e na nossa própria vida.