Como nossa AI vem ajudando a população brasileira
Imagine um desastre climático previsto com antecedência suficiente para permitir que a população, setores da sociedade e governos possam se organizar para agir com mais rapidez e segurança. Isso já acontece no Brasil com o uso da inteligência artificial. Um bom exemplo é o da ONG Visão Mundial Brasil, parceira do Google no mapeamento e aprimoramento da ferramenta Alerta de Inundações, uma parte importante da plataforma Flood Hub.
Lançado por aqui em novembro de 2022, o Alerta de Inundações foi implantado no país em conjunto com o Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) e está disponível em 80 localidades, da região amazônica ao sul do país. O recurso utiliza IA para identificar regiões sujeitas a inundações e, desse modo, ajudar as pessoas a encontrarem informações em tempo real no topo dos resultados da Busca e no Google Maps.
Parceiros como as ONGs Visão Mundial Brasil e também a Ação da Cidadania são importantes no mapeamento de comunidades ribeirinhas vulneráveis e na orientação para que elas saibam como usar o Alerta de Inundações para ficarem mais seguras diante dos desastres climáticos. "Plataformas que usam IA, como o Flood Hub, nos ajudam a fazer um cruzamento de fontes e validar as informações que vamos recebendo. Na hora de desenhar um prognóstico, a inteligência artificial nos apoia nisso também", explica Henrique Alencar, Coordenador Nacional para Assuntos Humanitários e de Emergência da ONG Visão Mundial.
O coordenador cita o exemplo recente do uso do Alerta de Inundações para ajudar a população atingida pela sequência de ciclones extratropicais que passaram pelo Rio Grande do Sul entre julho e setembro deste ano. A partir das informações prévias da plataforma, a ONG pode organizar uma resposta rápida de auxílio. "Conseguimos pré-posicionar parceiros locais que já estavam prontos para responder com logística e mobilização comunitária para ajudar as pessoas em situação de maior vulnerabilidade."
Um outro recurso do Alerta de Inundações informa sobre a previsão de cheias gerada pela equipe de hidrologia do SGB/CPRM e por modelos automatizados do Google. As previsões já abrangem 90 localidades no país. Até novembro de 2023, foram enviadas mais de 2 milhões de notificações de celular com previsão de enchentes ribeirinhas e mais de 250 alertas foram disponibilizados na Busca e no Maps, impactando mais de 9 milhões de pessoas no Brasil.
"A IA desempenha um papel muito importante na prevenção desses desastres. Ela é capaz de analisar uma grande quantidade de dados, detectando padrões, anomalias e realizando previsões de cenários futuros. Uma tecnologia capaz de auxiliar lideranças e gestores em decisões urgentes, permitindo uma ação antecipada, minimizando os impactos dos desastres", complementa Artur Matos, coordenador-executivo do Sistema de Alerta Hidrológico do SGB.
Identificando doenças com rapidez e precisão
Os impactos positivos da IA também são experimentados na área da saúde e vêm transformando a qualidade, precisão e agilidade dos resultados de exames de uma maneira inédita. Com as ferramentas de IA generativa para Google Cloud do Med-PaLM 2, por exemplo, radiologistas da rede de saúde integrada Dasa, presente em 15 hospitais e laboratórios de medicina diagnóstica no Brasil, vêm testando uma nova forma de otimizar a identificação de doenças e agilizar o acompanhamento médico.
O Med-PaLM 2 é uma atualização do Med-PaLM, nosso modelo de linguagem conversacional projetado para responder perguntas médicas de forma certeira, lançado inicialmente em dezembro de 2022. Desenvolvido em parceria com médicos de diversos países, o modelo coleta respostas de um painel de profissionais do setor para produzir respostas semelhantes às apresentadas por eles. A nova versão possui um desempenho superior e alcança uma precisão equivalente ao nível dos especialistas da área.
“O Med-PaLM 2 tem nos ajudado a estruturar nossos dados mais complexos, como descrições de doenças que têm apresentações múltiplas e, por vezes, ambíguas, até a descrição de nódulos hepáticos – que podem ser malignos ou benignos. Pacientes com câncer hepático precisam começar imediatamente o tratamento e o Med-PaLM 2 auxilia na identificação desses casos, acelerando a próxima etapa do cuidado”, explica o médico Felipe Kitamura, diretor de Inovação Aplicada e Inteligência Artificial da Dasa.
Durante a fase experimental, o profissional explica que: "o computador lê cerca de 8.000 laudos por dia para buscar doenças que precisam de um próximo passo, para que possamos antecipar e garantir que ele seja feito – sejam os achados incidentais ou não". Isso significa que o Med-PaLM 2 consegue identificar, dentro de um grande volume de laudos diários, aqueles que precisam de mais investigação – algo que era difícil de se conseguir com rapidez antes da IA. Segundo o especialista, a ferramenta tem apresentado uma "acurácia de 80% e 90%".
Agora, já é possível contar com uma tecnologia que ajuda a área médica a detectar diferenças sutis nos resultados dos exames (como ambiguidades entre nódulos malignos e benignos); analisar exames de forma abrangente (por exemplo, ao interpretar um exame de estômago, a ferramenta pode identificar achados suspeitos em outros órgãos); conectar com o médico que solicita os exames para informar sobre os achados e melhorar a prevenção, tempo de tratamento e acompanhamento dos pacientes.
Entre os principais problemas médicos que o Med-PaLM 2 vem colaborando com os radiologistas da Dasa estão os diagnósticos de nódulos no fígado e os exames de controle oncológico. "Entre os pacientes que já sabem que têm câncer, é difícil separar se, de fato, teve uma mudança que é relevante comunicar ou se o paciente continua estável – não que está curado, mas que a doença não progrediu. Essa é uma separação difícil de fazer e o Med-PaLM 2 ajuda bastante."
Ampliando a autonomia e acessibilidade para pessoas surdas
Fundada em 2012, a startup Hand Talk vem ampliando a acessibilidade e trazendo mais autonomia às pessoas surdas com soluções que usam inteligência artificial e aprendizado de máquina para criar um impacto social positivo. Em 2019, a empresa recebeu um aporte de US$ 25 milhões do programa Google AI Impact Challenge, do Google.org, para ajudar na expansão do trabalho de tradução automática para pessoas surdas.
A empresa atua em duas frentes gratuitas para as pessoas usuárias: um aplicativo de ensino e tradução de Português e Inglês (escrito e falado) para Língua de Sinais (Libras e ASL, a Língua de Sinais Americana). Ao aprimorar sua máquina de traduções com machine learning e incorporar inteligência artificial aos tradutores virtuais 3D, o Hugo e a Maya, as pessoas com deficiência ganham mais independência e oportunidades.
"As tecnologias assistivas facilitam a vida dessas pessoas, principalmente promovendo sua autonomia. Grande parte da comunidade surda tem muita dificuldade na compreensão das línguas escritas e depende das Línguas de Sinais para se comunicar. Por meio da tecnologia e da Inteligência Artificial, quebramos barreiras de comunicação", explica Ronaldo Tenório, CEO e cofundador da Hand Talk.
Por mais oportunidades em Inteligência Artificial
Será cada vez mais importante que os setores público e privado trabalhem juntos em busca de uma agenda de oportunidades para que os benefícios da inteligência artificial possam ser aproveitados e impactem positivamente a população com iniciativas cada vez mais úteis. Estamos animados para trabalhar em parceria com governos e sociedade civil, criando um futuro impulsionado pela inteligência artificial que traga benefícios para a vida das pessoas.
